A politicagem do Hino Nacional

Nos últimos jogos do Santos que assisti no estádio, presenciei uma coisa muito triste: durante o hino nacional, a torcida organizada continuava gritando o nome do time, ignorando aquele momento solene.

Quando eu estava no Fundamental, em uma escola estadual na década de 70, havia hasteamento da bandeira semanalmente e todo dia tocava o hino nacional antes das aulas. Era uma grande honra ser o aluno escolhido para hastear a bandeira, e se fazia questão de treinar o hino em sala de aula, para que todos o soubessem de cor.

Não entendo os motivos por trás da atitude da torcida organizada do Santos, nem sei se isso está acontecendo com outras torcidas, mas aquilo me fere profundamente. Trata-se de uma geração para quem a noção de Nação não existe. E sem essa noção, nos transformamos em um amontoado de tribos que convivem forçadamente, sem ligar para o bem comum. A atitude da torcida organizada explica muito do Brasil de hoje.

No entanto, o governo Bolsonaro conseguiu transformar o que, de outro modo, seria uma iniciativa bem-vinda (a volta do hino às escolas) em uma patacoada politico-eleitoral. Que história é essa de “Brasil dos novos tempos”? E o que está fazendo o slogan da campanha de Bolsonaro em uma carta aos alunos, forçosamente lida pelos diretores? É estar muito alienado, é viver muito dentro de uma bolha, para achar que uma iniciativa desse tipo fosse passar em branco.

Bolsonaro e seus ministros mais, digamos, “ideológicos”, fariam bem em se dedicar a implementar o programa de governo para o qual foram eleitos (no qual se inclui fomentar um maior respeito pelos símbolos pátrios), e deixassem de lado essa bobajada de “aurora dos novos tempos”. Quando Lula e os petistas falavam do “nunca antes na história desse país”, achávamos ridículo. Bolsonaro está cometendo o mesmo erro.

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