A carteira do BNDES

O corpo técnico do BNDES “ganhou” uma reportagem completa do Valor Econômico, sobre a “rentabilidade” da carteira de ações do banco. Segundo levantamento dos próprios técnicos do BNDES (!), essa carteira rendeu 3,5 pontos percentuais acima do Ibovespa.

Qual o sentido disso? Absolutamente nenhum. Se o Tesouro Nacional estivesse em busca de aplicações de risco para o seu, o meu, o nosso dinheiro, há gestores muito mais competentes na praça, gerando ganhos muito maiores.

Mas ao Tesouro, obviamente, não interessa ganhar dinheiro no mercado de ações. Não é para isso que são arrecadados os nossos impostos. O BNDES supostamente existe para suprir “falhas de mercado”, onde à iniciativa privada não interessa o investimento que provê externalidades positivas para a sociedade.

Agora, me diga: que “falha de mercado” foi sanada com a compra de ações de Petrobras, Vale, Gerdau, Suzano, Cemig, etc etc etc? Por que a iniciativa privada não poderia participar dos processos que resultaram nessas ações encarteiradas pelo BNDES? Há, inclusive, uma contradição em termos: se houve “lucro econômico” com a compra dessas ações, é sinal de que não havia “falha de mercado”.

Essa reportagem vem sob medida, no momento em que se discute o desinvestimento dessas participações (são R$ 110 bilhões !!!). Afinal, esse é o raciocínio por trás, por que se desfazer de algo que “dá lucro” para o banco?

São dois os motivos: 1) não é função do Tesouro investir no mercado acionário e 2) o Tesouro está quebrado, e precisa desesperadamente do dinheiro. A reportagem convenientemente não entra em nenhum desses dois pontos.

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