Lista de prioridades

Lembrem-se sempre da ordem de prioridades deste governo, que já repeti aqui algumas vezes:

1) Parentes
2) Agenda cultural/ideológica
3) Agenda econômica
4) Agenda de combate à corrupção

As tais “razões políticas e estratégicas” para não participar das manifestações em prol da prisão após condenação em 2a instância devem seguir essa lógica aí.

Let me try again

Artigo hoje no Valor, basicamente defendendo que o FMI deveria suportar os déficits fiscais da Argentina enquanto o país não volte a crescer. Afinal, a austeridade já se mostrou deletéria, e é hora de tentar “outra coisa”. Como se essa “outra coisa” não tivesse levado a Argentina para o buraco onde se encontra.

Tenho um amigo que tem primos argentinos. Segundo ele, dois deles são funcionários públicos e contam com 55 dias úteis de férias por ano, viajam para o exterior todo ano e moram bem. Ambos são peronistas e estão vibrando com a vitória de Alberto Fernandez.

Sim, o FMI deveria promover políticas fiscais expansionistas na Argentina. Afinal, como os primos do meu amigo vão conseguir manter o seu padrão de vida?

Reestatizando a Vale

A Vale vale hoje R$250 bilhões em bolsa. Digamos que uma reestatização reduzisse esse valor à metade. O desembolso do governo para recomprar a empresa seria de uns R$60 bilhões. Nada que um pouco mais de dívida não resolvesse.

Em 1997, quando foi privatizada, a Vale exportava algo como US$3 bilhões/ano. Hoje, exporta em torno de US$ 21 bilhões/ano. Em 1997 tínhamos déficit na balança comercial, hoje temos superávit, graças ao agronegócio e à Vale.

Em 1997, a Vale gerou lucro de US$220 milhões. Em tese, se todo esse lucro fosse distribuído, como a União tinha 40% do capital total, os dividendos recebidos seriam de US$88 milhões. O lucro gerado em 2018 foi de US$6,6 bilhões. Considerando uma alíquota de IR de 15%, isso gera US$ 1 bilhão em impostos. Fora os royalties.

Mas nada como devolver as riquezas do povo para o povo. E, de quebra, ter muitas diretorias para distribuir aos aliados e um cofre cheio para pilhar. Tudo em nome do social.

Prescrição

O problema, obviamente, não se resume à prescrição da pena. A prescrição é apenas o coroamento de um problema maior: a lentidão do sistema todo.

Digamos que esse projeto seja aprovado. O sujeito continuará solto praticamente ad eternum, à espera do julgamento de todos os embargos no Supremo. A protelação, que hoje tem o seu fim na prescrição de pena, não terá fim nunca. A arte da protelação será levada aos cumes da perfeição.

Quem deve estar esfregando as mãos são os advogados criminalistas, que terão clientes eternos.

Réplica – Tréplica

Minha tendência seria a de criticar o presidente pelas suas declarações ácidas e pouco diplomáticas a respeito das eleições na Argentina e do novo presidente eleito. Afinal, trata-se de nosso 3o maior parceiro comercial, além de ser nosso principal sócio no Mercosul.

Mas Alberto Fernandez não colabora. Visitou Lula na prisão, fez o L de Lula Livre e cumprimentou publicamente o ex-presidente e atual presidiário pelo seu cumpleaños.

Ao engajar-se na campanha do Lula Livre, Fernandez está se imiscuindo em assuntos internos brasileiros, isso sim uma afronta às nossas instituições.

Bolsonaro fez é pouco.

Cheque especial

Que surpresa! O cheque especial cresce mais do que outras linhas de crédito, mesmo depois dos bancos se “autorregularem” para oferecerem outras linhas de crédito mais baratas.

O que aconteceu de tão surpreendente? Bem, depois de tomar outras linhas de crédito mais baratas, o pessoal voltou ao cheque especial. Agora, estão endividados nas linhas mais baratas E no cheque especial. O mesmo deve estar acontecendo também no rotativo do cartão de crédito, alvo também de regulação por parte do BC.

Quem conhece um pouco da natureza humana poderia ter antecipado essa “surpresa”. Afinal, a maioria dos que estão no cheque especial foram parar lá por falta de controle de suas finanças, e não por um “acidente de percurso”. Ora, se a pessoa vive consistentemente acima de suas posses, vai tomar todas as linhas de crédito disponíveis para manter seu consumo. As linhas baratas e as linhas caras. É o que está acontecendo.

A solução para isso é simplesmente proibir o cheque especial (e o rotativo do cartão de crédito também). Se o indivíduo não consegue viver dentro de sua renda, o cheque especial só vai piorar a sua situação, agregando juros escorchantes ao seu buraco. No final, termina pior do que se não tivesse o cheque especial, tendo que fazer um ajuste ainda maior no seu orçamento para equilibrar-se. Acabar com o cheque especial significa forçar o indivíduo a ajustar-se enquanto ainda é tempo, com um esforço menor.

Mas terminar com o cheque especial acaba com uma fonte importante de renda dos bancos. Aí é que está o busílis da questão.