Matemágica

Esta é um pouco mais difícil do que aquela do inverno começar em agosto na Europa, mas sinceramente esperava um pouco mais do Átila.

O gráfico que ele mostra relaciona número de óbitos diários com número de óbitos totais. Do jeito que está desenhado, Brasil e EUA estão em um horror sem fim, enquanto outros países aparentam ter sido muito mais eficientes no combate à epidemia.

Só tem um probleminha: o gráfico está em números absolutos. Brasil e EUA têm populações várias vezes maiores do que os outros países do gráfico. Obviamente, o número total de mortos é maior, o que produz essa “reta que não termina nunca” quando comparado aos outros países.

Fiz o mesmo gráfico, mas agora adotando a óbvia métrica dos óbitos por habitante. Voi lá! Os gráficos de Brasil, Espanha e Reino Unido, os três países que peguei de exemplo, têm gráficos muito semelhantes. Qualquer outro país (como é o caso dos EUA e de vários outros países da Europa) que tem hoje um total acumulado de óbitos/milhão entre 600 e 700 apresentará mais ou menos o mesmo gráfico.

Coloquei também o gráfico de Brasil, Espanha e Reino Unido, somente do número de óbitos/milhão ao longo do tempo (este é o gráfico mais comum). O número total de óbitos/milhão desses 3 países é mais ou menos ou mesmo, mas na Europa este número fica concentrado no início, enquanto no Brasil “achatamos” a curva de óbitos. Em linguagem matemática, a integral das três curvas (a área debaixo das curvas) é a mesma para os três países, apesar do formato das curvas ser bem diferente. Achatar a curva não era o objetivo? Nesse sentido, fomos melhor sucedidos do que esses países.

Enfim, cada um mostra o gráfico que quer para contar a história como lhe interessa. Por isso matemática é tão importante. Estude matemática e não se deixe enganar com qualquer matemágica.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.