A natureza marca

Achei interessante essa tabela comparativa entre os principais países da América Latina, que tirei de um relatório do J P Morgan. Os números estão atualizados até 28/06.

Duas coisas me chamaram a atenção.

1. Vacinação: tirando o Chile, o Brasil não faz feio nesse grupo, ficando empatado em 2o lugar com a Argentina.

2. Vacinas: novamente tirando o Chile, o Brasil fica em 2o lugar em número de doses contratadas per capita, ficando pouco acima de México e Peru e bem acima de Argentina e Colômbia.

É claro que gostaríamos de ter a mesma eficiência de Europa, EUA e Canadá na vacinação. Ocorre que somos um país pobre e desorganizado. Não sei o que vem primeiro, a pobreza ou a desorganização, mas o fato é que uma coisa sempre acompanha a outra. Provavelmente não é coincidência que o país mais rico da região tem também as melhores marcas na vacinação.

Note também que não importa muito a orientação do governo: governos de esquerda ou direita, “negacionistas” ou “baseados na ciência”, acabam tendo mais ou menos a mesma performance, o que aparentemente demonstra que o fator determinante é, no final do dia, a riqueza e organização do país, ambos de mãos dadas.

O que me leva à conclusão de que se Bolsonaro tivesse um discurso e uma postura só um pouquinho mais razoável em relação às vacinas, se não tivesse comprado brigas bobas, se tivesse, como disse uma vez Gilberto Kassab, “montado seu gabinete dentro da Fiocruz”, com esses mesmos resultados talvez seu governo, hoje, estivesse sofrendo menos pressão.

Mas Bolsonaro tem a sua natureza. E, como dizemos no futebol, a natureza marca.

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