Melhor investir no McDonalds

R$ 727 milhões para criar mil empregos. Ou R$ 727 mil para cada emprego criado.

Não estou muito por dentro dos números do McDonalds, mas fazendo uma rápida pesquisa na internet, descobri que o investimento em uma franquia do Ronald é da ordem de R$ 3 milhões, e cada loja tem, em média, 50 funcionários. Isso resulta em uma média de R$ 60 mil investidos para cada emprego criado, ou 12 vezes menos do que o que vai ser investido pelo governo para criar empregos em Manaus. Isso, considerando que o montante investido pelo governo seja o total, que as empresas privadas não vão tirar nada do bolso. Se houver investimento privado conjugado (o que é provável), a conta fica ainda pior. De onde concluímos que, se o objetivo é gerar empregos, talvez fosse melhor o governo financiar franquias do McDonalds.

Mas, alguém dirá, não são empregos comparáveis. O emprego na indústria é um emprego de qua-li-da-de, como gosta de dizer o vice-presidente Alckmin, sibilando as sílabas. Sim, o que torna a coisa ainda mais cruel: o governo está investindo R$ 727 mil para criar um posto de trabalho que só pode ser ocupado por alguém no topo da pirâmide educacional, onde o desemprego e o sub-emprego são muito menores. Na verdade, onde falta mão de obra qualificada. É cruel, mas não é uma surpresa. O PT e os sindicatos que orbitam o partido sempre se preocuparam com a nata dos empregados públicos e privados brasileiros, aquela minoria que tem carteira assinada. A reforma trabalhista, por exemplo, foi e é amplamente combatida pelos sindicalistas (Lula incluído) por tentar aumentar o aquário onde os trabalhadores têm alguma proteção legal, pois isso retiraria “direitos” dos peixes que já estavam no aquário. “Queremos os mesmos direitos para todos” é uma falácia, pois, dada a triste falta de formação da mão de obra brasileira, o aquário é muito pequeno.

E nem vou discutir que estes R$ 727 milhões serão gastos com empresas bem estabelecidas, que poderiam acessar bancos e o mercado de capitais para financiar suas atividades. O lobby da Zona Franca é bastante eficiente.

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