O Ó do Borogodó

Essa é o ó do borogodó, literalmente.

O titulo da matéria é enganoso: o bar não vai necessariamente acabar, ele simplesmente vai precisar mudar de lugar. Eu sei, é uma dor de cabeça e tals. Mas o proprietário está no seu direito de dispor de sua propriedade, no caso, o imóvel. Ou não?

Digamos que a prefeitura decida que o bar não pode ser despejado. Qual seria o ânimo de outros proprietários alugarem seus imóveis para bares e restaurantes que poderiam, no futuro, reivindicarem o mesmo tratamento? O efeito será a falta de imóveis para esse tipo de comércio. Eu, fosse proprietário, evitaria esse risco de agora em diante.

Não sei quanto custa uma ida ao Ó. Uma visita a barzinhos da Vila Madalena não costuma sair por menos do que R$ 100 por pessoa, ainda mais com o couvert artístico. Ou seja, a frequência é de gente bonita, muito ligada na cultura raiz do país, desde que seja em espaço gourmet. Para manter esse privilégio, vão impedir que centenas de empregos para pessoas de baixa renda sejam criados na construção de um prédio no lugar, além de impedir que a prefeitura arrecade impostos que poderiam ser usados em programas sociais. Tudo em nome do direito de ouvir música em um só e determinado lugar.

Tenho certeza de que um assunto recorrente nas mesas do Ó é a desigualdade de renda, e de como as elites do país são agarradas aos seus privilégios. Privilégios que têm muitas facetas, algumas tão sutis que nem os privilegiados notam.

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