Acabando com o mercado paralelo

O governo de Maduro vai abrir 300 casas de câmbio no país, para acabar com o mercado paralelo. A cotação da moeda será definida em leilões 3 vezes por semana, o que é muito adequado, dado que os venezuelanos só se alimentam 3 vezes por semana também.

Em busca do verdadeiro socialismo

No socialismo, as coisas dão errado ou porque o “capitalismo de Estado corrupto” ainda não foi superado, ou porque “modelos falsos de socialismo” estão sendo implementados.

Continuo ansioso para ver “modelos verdadeiros de socialismo” em ação.

Pobre América Latina

O Estadão traz a história do pedreiro Juan Rudá, que se senta diante de uma obra o dia inteiro, na esperança de ser contratado.

“Rudá deve votar em Maduro”, diz a reportagem. Para Rudá, a situação da Venezuela é fruto de uma conspiração entre EUA e os atravessadores locais. A família de Rudá vive das esmolas dadas pelo governo chavista.

Rudá vai votar em Maduro, apesar de tudo! Em qualquer país normal, um governo que gerasse uma recessão de metade do PIB em 4 anos seria escorraçado. Na verdade, em qualquer país normal, um governo que tivesse gerado 8% de recessão em dois anos seria escorraçado. No entanto, vemos Lula líder nas pesquisas de intenção de voto!

A tragédia latino-americana não poderia estar melhor descrita. A mistificação ideológica faz com que erros grosseiros de condução macro e microeconômicas se tornem peças de resistência ao imperialismo, que supostamente reage à perda de sua influência por meio de boicotes que geram recessões brutais.

A aliança de uma elite intelectual bocó, que vê imperialismo debaixo da cama, com o interesse de corporações corruptas e com a ignorância do povo fazem o caldo de cultura perfeito para o voto em tipos como Maduro e Lula. Pobre América Latina.

O verdadeiro socialismo

Os editoriais do Valor costumam mandar bem. Suas análises costumam não brigar com a realidade e normalmente são comandadas pelo bom senso. Mas é nos pequenos detalheis que se revela a alma de um jornal.

O editorial de hoje desce a lenha (mais uma vez) no governo de Maduro. Seu foco são os refugiados. Vai bem como sempre, até a última linha, quando escorrega e cai de bunda suja no chão.

Segundo o editorialista, o problema não é o sistema socialista. Esse regime do Maduro não soube implementar o socialismo. Só faltou completar: como Chávez soube fazer. Inclusive, em outro ponto do editorial, chama Maduro de “incompetente”. Ou seja, não é que o socialismo seja um sistema disfuncional. É que faltou a Maduro a competência para implementa-lo direito.

O Valor repete a cantilena que nossos filhos escutam nas aulas de História e Sociologia: nunca existiu um país comunista. Aquilo que foi implementado não é o verdadeiro comunismo.

Os regimes socialistas costumam dizer aos seus cidadãos que estão “construindo” uma sociedade socialista. Como as condições de vida só pioram, a promessa de uma vida melhor está sempre no futuro, quando, aí sim, o paraíso de leite e mel comunista será alcançado. Até lá, a luta exige que você obedeça a carteirinha de racionamento, ok?

Que nossos filhos, que não precisam ganhar o dinheiro de sua sobrevivência, caiam nessa, é até compreensível. Que o editorialista do Valor venha com essa história, é de chorar.

O grau do terror de Estado

Em 2002, o ditador iraquiano Sadam Hussein promoveu um referendo sobre a continuidade de seu mandato por mais 7 anos. O resultado: 100% dos iraquianos (mais de 11 milhões de eleitores) votaram ‘sim’. Nem um mísero iraquiano votou pela saída do Amado Líder.

Lembrei disso quando li que Maduro foi vitorioso nas eleições municipais venezuelanas, conquistando o poder em 92% dos municípios.

Quanto maior o terror adotado como política de estado, maiores as vitórias eleitorais obtidas pelo ditador de plantão. Em Cuba, por exemplo, não há dissidência: 100% do povo vota no Partido Único.

Nas eleições americanas de 1984, quando Ronald Reagan ganhou em 49 dos 50 estados, a votação popular foi de 59% para Reagan. Ou seja, na eleição mais hegemônica da história dos EUA, o presidente de plantão teve mais de 40% dos votos contra.

Nas eleições brasileiras de 1974, no auge da ditadura militar, o partido do governo conquistou 203 das 364 cadeiras da Câmara e 6 das 22 cadeiras em disputa para o Senado. Ou seja, 56% dos deputados e 27% dos senadores.

Quando você quiser medir o grau de terror patrocinado pelo Estado em um determinado país, veja o resultado das suas eleições.