Réguas diferentes

O que você acha menos pior, o amarelo ou a acelga?

Confuso? Pois é, o nosso debate político encontra-se nesse nível. Somos chamados a escolher o “menos pior”. Mas em que escala? Com relação ao quê?

Entre o amarelo ou o roxo conseguimos escolher o menos pior, assim como entre a acelga e, sei lá, o agrião. Claro que tem gente que ama de paixão o amarelo ou o o roxo, assim como tem gente que adora acelga ou agrião. Mas a grande maioria dos seres humanos, quando chamados a escolherem um ou outro, escolherão o menos pior. No entanto, como escolher entre o amarelo e a acelga? São coisas em dimensões diferentes, não tem como comparar.

Assim são Bolsonaro e Lula. Um é um sociopata, incapaz de mostrar empatia, flertando continuamente com rupturas institucionais e refratário a qualquer reforma que modernize o Estado brasileiro. Outro foi o chefe de uma quadrilha que tomou de assalto o Estado brasileiro, além de ter ideias pré-históricas sobre economia.

A escolha pelo “menos pior”, na verdade, é fruto de uma percepção muito particular: o que causa mais sofrimento, uma cor ruim ou uma verdura ruim? Cada um vai fazer sua escolha de acordo com essa avaliação subjetiva, própria, da realidade. Por isso as discussões sobre o que é “menos pior” são infrutíferas e, no final das contas, inúteis.

A tática da “terceira via”

Essas matérias precisam ser lidas com uma pitada de sal, dado que essa entidade, “centro”, pode ter tudo, menos unidade de pensamento e de comando. Mas esse tipo de discussão não deixa de ser interessante: afinal, quem vai dar lugar a uma “terceira via” no 2o turno, Lula ou Bolsonaro? A depender da resposta, a tática será diferente.

A reportagem ampara-se nas últimas sondagens eleitorais, que colocam Lula à frente de Bolsonaro no 1o turno. Se isto estiver correto e se se mantiver até as eleições, o mais fácil seria tentar tirar Bolsonaro do 1o turno. Não vou aqui entrar no mérito da imprecisão dessas pesquisas e de quão distantes estamos das eleições. Meu ponto é somente entender qual seria a tática correta da “terceira via” neste cenário hipotético.

Ora, se o objetivo é tirar Bolsonaro do 2o turno, é óbvio que só se consegue esse objetivo tirando votos de Bolsonaro. E em quem o potencial eleitor de Bolsonaro votaria? Também é óbvio que esse voto vai para alguém que se mostre tão anti-Lula quanto Bolsonaro.

Note que não estamos falando do voto bolsonarista-raíz, aquele que está fechado com Bolsonaro no matter what. Este não vai migrar. Estamos falando daquele voto anti-PT, que deve ver em uma alternativa a Bolsonaro alguém que não seja, por óbvio, uma linha auxiliar do PT.

Fiquei quase sem voz aqui, durante as eleições de 2018, criticando a estratégia de Alckmin. O candidato do PSDB passou a campanha inteira batendo em Bolsonaro, como se isso pudesse causar a migração de votos do ex-capitão para si mesmo. Na verdade, só passava a ideia de ser uma linha auxiliar do petismo, o que, obviamente, afastava o eleitor anti-petista.

Nesse sentido, o aperto de mão entre FHC e Lula interessaria a um candidato da terceira via somente se fosse possível tirar Lula do 2o turno. Mostrando ser tão anti-bolsonarista quanto Lula, esse candidato poderia ganhar a confiança dos lulistas menos convictos. Isso em tese. Na prática, nem para isso serviu: apertar a mão do candidato que você quer tirar do 2o turno antes mesmo do 1o turno não é tática nenhuma, é só uma jumentice.

Enfim, se a tal “terceira via” realmente acha que é mais fácil tirar Bolsonaro do que Lula do 2o turno, seria bom começar a atacar Lula e o PT, e não tratá-lo com a reverência com que vem sendo tratado.

Terceira via: uma minoria cada vez menor

Este post é continuação do de ontem, em que comentei o momentoso aperto de mão entre Lula e FHC. O artigo do professor de ciência política na Unesp, Marco Aurélio Nogueira, elabora o racional que está por trás daquela foto. (O artigo foi escrito antes da foto, claro, é só uma coincidência feliz. Muito útil, por sinal).

Destaquei o parágrafo que interessa, o penúltimo do artigo. O resto é um mambo jambo sobre “que país os brasileiros querem ter”, como se agenda do professor fosse a única virtuosa. Mas, enfim, vamos ao trecho destacado.

Depois de lamentar que estejamos em uma polarização que nos atazana desde 2018 e de que não tenhamos uma terceira via, desnuda-se o verdadeiro posicionamento político do professor, que é exatamente o mesmo de FHC: Lula é superior em tudo a Bolsonaro. O raciocínio é este: quero uma terceira via, mas entre Lula e Bolsonaro voto em Lula. Reconheço em Lula a legitimidade para comandar o país novamente. Basta “forçar” o PT ao entendimento amplo.

Antes de continuar, só uma observação sobre esta última frase. É estupefaciente que um professor titular de ciência política ainda não conheça a natureza do PT. Não precisa “forçar” o PT a nada. Na hora da eleição, o PT se entende com todo mundo, incluindo o diabo. Depois, na hora de governar, compra o Congresso para poder governar sozinho. Essa é a natureza do escorpião. Lula está doido para entrar em um “entendimento amplo”. Contanto que a hegemonia do partido seja preservada quando se tratar de governar. Fecha parênteses.

Voltemos ao ponto do “desejo” por uma terceira via, desde que o adversário não seja Bolsonaro. Note que este não é um raciocínio exclusivo dos filopetistas. Os filobolsonaristas argumentam exatamente da mesma maneira: gostaria de ter uma terceira via, mas contra o Lula, voto no Bolsonaro novamente. Até criticam Bolsonaro, mas contra Lula não há negociação. Da mesma forma, FHC até critica Lula, mas contra Bolsonaro não há negociação.

Nesse ambiente, não há como prosperar uma terceira via. Mesmo porque, entre filopetistas e filobolsonaristas, não é qualquer terceira via que serve. Nem todo filopetista votaria em Ciro Gomes no primeiro turno. Nem todo filobolsonarista votaria em João Doria no primeiro turno. O fato é que não há um nome de “terceira via” que atraia os que supostamente não gostam das duas opções.

O curioso é que, em princípio, um candidato de terceira via, no segundo turno, tem mais chance de bater Lula no lugar de Bolsonaro, e tem mais chance de bater Bolsonaro no lugar de Lula. Ou seja, se tem alguém que vai entregar o país nas mãos de Bolsonaro ou de Lula novamente são os eleitores desses dois candidatos, não aqueles que votarão em uma terceira via ou em branco no segundo turno. Será um campeonato de menor rejeição, como, aliás, é a característica do segundo turno. Tanto para os anti-bolsonaristas quanto para os anti-lulistas, seria mais inteligente levar um candidato com menor rejeição para o segundo turno. Ocorre que muito anti-bolsonarista é, na verdade, um petista enrustido (FHC e o professor da Unesp são exemplos), e muito anti-petista é, de fato, um bolsonarista enrustido. Tanto para um quanto para o outro, votar em Lula ou em Bolsonaro não é, assim, tããão ruim.

A terceira via só ganha votos de quem vai votar em branco no segundo turno. Ou seja, votos de quem realmente é anti-os dois polos. Estes são uma minoria cada vez menor.

Uma foto

Lula exibiu hoje o seu mais lustroso troféu desde que saiu da prisão: a foto com um aperto de mão (em tempos de pandemia) de FHC.

A foto não é mero detalhe. A foto é o fato político em si. Já comentei aqui algumas vezes que Lula sempre leva a tiracolo seu fotógrafo particular de várias décadas, Ricardo Stuckert, para tirar fotos que valem por mil palavras. Esta é só mais uma. Ele sabe que uma foto cria fatos políticos.

Nada impede que políticos conversem entre si, mesmo, ou até principalmente, se estão em campos opostos. Afinal, a política é a arte de encontrar um denominador comum para seguir em frente. Isso é uma coisa. Outra coisa é tirar uma foto. Uma foto passa uma mensagem.

A mensagem da foto abaixo é a seguinte: eu estou com Lula. Sim, eu sei, a mensagem que FHC queria passar era “eu estou com Lula contra Bolsonaro, caso o candidato do meu partido não passe para o 2o turno”. Foi essa a explicação dada por FHC em um tuíte posterior, como alguém que precisa explicar uma piada (imagem que roubei de alguém mais inteligente do que eu).

Acho que é a primeira vez que vejo alguém declarando voto no 2o turno antes do 1o, sem negociar nada. “Ah, mas contra Bolsonaro vale tudo”. Pois é, vale, inclusive, queimar o candidato de seu próprio partido. Porque, ao declarar apoio a Lula, perde qualquer sentido o papo de “terceira via”. Afinal, para quê terceira via, se Lula está ok? A tal da “polarização” é, na verdade, Bolsonaro contra o resto, Lula incluído.

Digamos, por hipótese, que o segundo turno seja entre um candidato tucano e Bolsonaro. Quem Lula e o PT vão apoiar? Faço a doação do meu dedo mindinho para o Lula se eles apoiarem publicamente os tucanos. Vão, com toda certeza, dizer que são representantes de um mesmo projeto elitista e entreguista. Isso por fora. Por dentro, vão torcer por Bolsonaro, porque sabem que será mais fácil bater o candidato de Bolsonaro em 2026 do que um candidato tucano que tentar a reeleição.

Como disse no início, essa foto é um baita troféu para Lula. É o primeiro apoio recebido de fora de sua bolha, uma espécie de redenção política. E que apoio! Lula está no jogo. Parabéns, FHC.

PS.: Nem entrei no mérito sobre as “credenciais” de Lula, seu passado e sua “obra”. Não vem ao caso para a análise, mesmo porque Bolsonaro também desperta repúdio pelos seus, digamos, predicados. A análise é somente sobre posicionamento político no tabuleiro eleitoral.

O difícil caminho da terceira via

O Valor Econômico pediu ao Instituto Atlas uma pesquisa eleitoral entre os eleitores do Rio Grande do Sul. Como sabem, sou cético com relação a este tipo de pesquisa a mais de um ano da campanha eleitoral. A essa altura, é mais uma pesquisa de “recall de marca” do que verdadeiramente de intenção de voto. Mas, tendo dito isso, essa pesquisa traz algumas informações interessantes, que gostaria de comentar aqui.

O dado que mais me chamou a atenção foi a coincidência das intenções de voto em Bolsonaro em qualquer cenário: 1/3 dos votos. Sendo que este percentual coincide com a avaliação positiva do presidente. Parece até uma constante física: 1/3 dos gaúchos aprovam o presidente e pretendem votar nele, independentemente de qualquer cenário eleitoral.

Apesar da resiliência, o copo meio vazio para o presidente é que o RS deu 53% de seus votos no 1o turno de 2018 para o então candidato Bolsonaro. Ou seja, nesses dois anos, 40% desses votos foram perdidos. Mas, como disse acima, estamos distantes da campanha eleitoral, que pode recuperar esses votos ou minar ainda mais a posição.

Com 1/3 firme e forte ao lado do presidente, os outros 2/3 se dividem entre os outros candidatos. Na pesquisa aberta a todos os candidatos, Lula consegue os mesmos 1/3 de Bolsonaro, e os outros 1/3 se dividem entre todos os outros candidatos. O governador gaúcho Eduardo Leite (com bom nível de aprovação e de recall entre os gaúchos) e Ciro Gomes lideram as intenções dessa “terceira via”. Até aqui, nenhuma novidade, a não ser o fato de Eduardo Leite aparecer bem, o que mostra o poder do recall.

O interessante acontece quando a pesquisa fecha em 4 candidatos: Lula, Bolsonaro, Ciro Gomes e um 4o candidato do PSDB, representando a tal “terceira via”. Achei inteligente não ter excluído Ciro Gomes desse cenário, pois torna a pesquisa mais realista. Ciro Gomes não vai desistir de seu projeto e, na verdade, trata-se de uma falsa “terceira via”. Ciro, apesar de suas desavenças com Lula, tem muito mais similaridades do que diferenças com o PT, de modo que, na minha opinião, não se qualifica como “terceira via”.

Vamos aos resultados: quando esse 4o candidato é Eduardo Leite, consegue amealhar metade do 1/3 dos votos da “terceira via”. A outra metade vai para Lula e Ciro Gomes. Ou seja, mesmo no RS, com bom índice de aprovação e alto recall, o candidato da “terceira via” não consegue ameaçar os dois primeiros colocados.

Os resultados de Doria e Tasso são piores do que os do governador gaúcho, mas aí atribuo mais à falta de conhecimento (novamente, o recall) do que pela intenção de voto. Na campanha, os números dos dois poderiam se aproximar do que tem hoje Eduardo Leite. De qualquer modo, continua sendo apenas metade dos 1/3 dedicados à “terceira via”.

Vale notar que, no cenário fechado a 4 candidatos, praticamente nenhum voto migra para Bolsonaro. Se o presidente tem 1/3 de eleitores fiéis, sua grande desaprovação impede aumentar este contingente. Ou seja, na foto de hoje, Bolsonaro tem votos suficientes para ir ao 2o turno mas não para ganhar a eleição. Não estão nesses gráficos, mas a pesquisa também mediu intenção de voto no 2o turno e, sem surpresas, Bolsonaro perde de praticamente todos os outros candidatos relevantes. Digo sem surpresas porque esta é a conclusão que se chega ao analisar a migração de votos nos vários cenários eleitorais do 1o turno.

Essa pesquisa tem limitações importantes: trata-se de um microcosmo (o estado do RS) e está sendo feita a mais de um ano do início da campanha eleitoral. Mas por ser feita na terra de um dos favoritos a assumir a bandeira da “terceira via”, é útil para medir a força dessa ideia. E as notícias definitivamente não são boas para quem está buscando este Santo Graal.

A consciência da nação

Eliana Cardoso e Bolívar Lamournier, intelectuais tucanos, divulgaram um manifesto (mais um) em favor da união dos candidatos do auto-denominado “centro” em torno de apenas um nome. No caso, Alckmin.

Após 3 parágrafos conclamando a união das forças de “centro” contra as ameaças populistas e radicais de direita e de esquerda, o texto começa a analisar Bolsonaro:

“Bolsonaro segue a recente parada de populistas, de Donald Trump nos Estados Unidos a Rodrigo Duterte, nas Filipinas. Sua vitória colocaria em risco a sobrevivência da democracia no Brasil. Ele apela para a rejeição do eleitor à catástrofe produzida por Dilma-Temer. Nosso PIB por pessoa encolheu 10% em 2014-16 e dezenas de políticos estão sob investigação. Lula, preso por corrupção, consegue transferir votos para o candidato que apresenta um programa econômico catastrófico.”

Sua vitória colocaria em risco a sobrevivência da democracia no Brasil. Ponto. Os intelectuais tucanos não se dão ao trabalho de demonstrar a sua tese. Consideram-na um axioma, uma verdade que dispensa demonstração.

Além disso, a ameaça à democracia está apenas do lado de Bolsonaro. Haddad é uma ameaça à economia. Só.

Na verdade, logo à frente, há o que poderia se considerar uma sugestão de porque Bolsonaro representaria uma “ameaça à democracia”. A declaração diz o seguinte:

“O companheiro de chapa de Bolsonaro é Hamilton Mourão, um general aposentado, que no ano passado, enquanto estava de uniforme, pensou que o exército poderia intervir para resolver os problemas do Brasil. A resposta do Sr. Bolsonaro ao crime é, na verdade, matar mais criminosos.”

Até a menção à intervenção do exército, se poderia considerar que existiria o receio de um golpe militar. Mas não é disso que se trata. A conexão que os autores fazem entre intervenção e combate ao crime mostra que a preocupação está na resposta que Bolsonaro eventualmente daria à criminalidade, não a sua ameaça às instituições democráticas. Bem, nesse sentido, o exército de fato interveio, respondendo a uma ordem do governo federal. Foi na segurança pública do Rio de Janeiro, exemplo acabado de como os fofos da democracia não respondem às mais básicas necessidades da população.

O manifesto continua assim: “Para os brasileiros desesperados por se verem livres de traficantes de drogas, assassinos e políticos corruptos, Bolsonaro se apresenta como o anti-Lula. Se enfrentar Fernando Haddad, muitos eleitores de classe média e alta, que culpam Lula e o PT acima de tudo pelos problemas do Brasil, podem ser convencidos por suas visões autoritárias.”

Esse tucanato vive realmente em uma bolha. Não é que os eleitores serão convencidos pelas visões autoritárias de Bolsonaro. O que acontece é que esses eleitores estão apenas reagindo às visões autoritárias de Lula e do PT. A resposta “Bolsonaro” não apareceu porque o programa econômico do PT é “catastrófico”. Para isso, bastava um programa econômico “não-catastrófico”. Bolsonaro é a resposta ao autoritarismo do PT. Em momento algum o manifesto dos tucanos coloca os dois lados desta maneira. O único autoritário é Bolsonaro, o PT tem apenas um programa econômico catastrófico. Com essa leitura da realidade, não é à toa que estejam pregando no deserto.

O manifesto continua: “O senhor Bolsonaro tem poucos aliados políticos e, para governar, poderia degradar ainda mais a política.”

“Poderia degradar ainda mais a política”. Sério isso? Alguém realmente consegue imaginar degradação maior da política do que o mensalão e o petrolão??? Existe algo mais degradante do que ter um presidente do STF que nem em concurso para juiz conseguiu passar? Como é que se vai conseguir degradar ainda mais uma política comandada da cadeia?

O manifesto dos “intelectuais tucanos” termina assim: “A tarefa exige que os candidatos do centro, Alckmin, Marina, Álvaro Dias, Amoedo e Meirelles se encontrem e coloquem seus votos a favor do candidato que entre eles tem a maior chance de evitar uma tragédia. No momento este nome é Alckmin.”

E o Ciro? Não seria uma alternativa melhor para enfrentar o risco do “autoritarismo” e da “degradação da política”, representados por Bolsonaro? Ou o Ciro também é um “radical”? Se é, deveria ter sido citado no manifesto. Se não, deveria ter sido incluído entre os nomes possíveis para uma união.

E por que Alckmin? Por que não Marina? Marina está tecnicamente empatada com Alckmin. A escolha do nome de Alckmin só mostra que o que os intelectuais tucanos estão fazendo é apenas campanha eleitoral para o seu candidato. Nada contra, mas não venham se travestir de “consciência da nação”.

FHC, vai catar coquinho

FHC está procurando costurar uma união dos candidatos “não-extremistas”.

FHC está chegando um pouco atrasado no baile.

Há dois anos, quando o PT começou sua campanha internacional de achincalhamento das instituições brasileiras, chamando o impeachment de golpe, FHC era um dos poucos brasileiros com estatura para se opor a este movimento, defendendo a legalidade do impeachment através de artigos em grandes jornais, palestras no exterior e conversas com chefes de estado.

Há um ano, quando o PT começou sua campanha internacional de achincalhamento do judiciário brasileiro, na medida em que ficava claro que o destino de Lula era a cadeia, FHC era um dos poucos brasileiros com estatura para se opor a este movimento, mostrando que Lula foi julgado e condenado por um judiciário independente, através de artigos em grandes jornais, palestras no exterior e conversas com chefes de estado.

FHC não fez nada disso.

FHC se omitiu.

E agora, a duas semanas das eleições, FHC vem pregar a “união das forças democráticas”.

FHC, vai catar coquinho.

Como você prefere morrer?

Está bem legal ver essa competição entre os anti-Bolsonaro e os anti-petistas.

Vejam, não me refiro aos bolsonaristas de 1a hora ou aos petistas (ou lulistas) de carteirinha. Estes têm convicção no seu voto.

Estou me referindo ao “grande centro”, que na verdade vem se mostrando pequeno, e que não concebem o país sob o domínio de nenhum desses dois lados.

Mas, dado que só dois passam para o 2o turno, e a possibilidade crescente de que Bolsonaro e o candidato de Lula sejam esses dois, os centristas do Partido do Bom Senso buscam, no fundo de suas almas, forças para votar em um dos dois.

É como escolher de que morte se prefere morrer.

É bom ir se acostumando

Josué Gomes e Nelson Jobim são, respectivamente, o penúltimo e o último “nome novo” a entrar na arena e cair. Antes dele, Luciano Huck, Joaquim Barbosa e João Doria foram tentados.

O dito “centro político” tem tentado desesperadamente a “trindade impossível”: um nome ao mesmo tempo viável eleitoralmente, que seja “controlável” e que não esteja, de alguma maneira, ligado à velha política. Vão descobrindo que não existe.

Os candidatos são estes que estão aí. É bom começar a trabalhar com essa realidade.