Perdendo a hegemonia cultural

O colunista Pedro Doria traz as conclusões de estudos que demonstrariam que conteúdos “de direita” viralizam mais do que os “de esquerda”. E mais: que pessoas “de direita” receberiam somente conteúdo “de direita” em suas timelines, enquanto pessoas “de esquerda” estariam expostas a conteúdos mais “diversificados”. Uau!

Não tive acesso a esses estudos, mas vou comprá-los a valor de face. Digamos que seja assim mesmo, ou seja, os algoritmos criam bolhas “de direita”, “radicalizando” (essa é a expressão usada pelo colunista) uma parcela da população. Como se pessoas “de esquerda” o fossem porque pensam por si próprias, e pessoas “de direita” fossem lobotomizadas para pensar do jeito que pensam.

Durante muitos anos, os poucos pensadores de direita apontaram a bolha de esquerda que as universidades representavam. Quem cursou humanas ou quem dá aulas em cursos de humanas nas universidades sabe do que estou falando. Ali, diversidade de pensamento é que nem mula sem cabeça, uma figura do folclore. Há um pensamento dominante, e ai de quem mija contra o vento. Gerações e gerações de brasileiros foram e são formados nessas bolhas.

Apesar de ser pública e notória, essa dominância sempre foi tratada pela esquerda como uma espécie de paranoia da direita. A universidade seria plural, todas as ideias seriam bem-vindas, e qualquer acusação em contrário era devida à mania de ver comunistas debaixo da cama.

Bem, agora é a hora da vingança da “direita”: essa acusação de que os algoritmos são “de direita” não passa de paranoia. As redes sociais são um lugar plural, onde todas as ideias têm livre circulação. Qualquer acusação em contrário é devida à mania de ver nazistas debaixo da cama.

É duro perder a hegemonia cultural.

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