Apertando o torniquete

O Banco Central Russo aumentou a taxa Selic deles de 9,5% para 20%. Além disso, obrigou que todas as empresas exportadoras convertam ao menos 80% de suas receitas para rublos, não sendo permitido manter esse montante no exterior.

Essas medidas fazem o receituário clássico de economias quebradas, sem reservas, como a Argentina. Não são compatíveis com uma economia que tem mais de US$600 bilhões de reservas e superávit no balanço de pagamentos. O que aconteceu com “as grandes reservas” que permitiriam à Rússia lutar meses, ou mesmo anos, sem se preocupar com suas finanças?

Simples: como todo país emergente, a moeda da Rússia é um mero papel pintado. Portanto, suas reservas estão em moedas como dólar, euro e libra esterlina. Ocorre que reservas nessas moedas foram congeladas no sábado, o que representa, mais ou menos, 2/3 de todas as reservas russas. Sobraram basicamente reservas em ouro e moedas inúteis, como o iuan chinês, que, como moeda de festa junina, só pode ser usado no arraial chinês. E o ouro, só dá pra vender no mercado negro. Enfim, para todos os efeitos, a Rússia ficou sem reservas para defender a sua moeda, que já ultrapassou 100 rublos por dólar.

Parece que as tais sanções financeiras estão realmente apertando o torniquete de Putin. Vamos ver as cenas dos próximos capítulos.

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