Se o funding vai ser privado para financiar a iniciativa privada, por que mesmo o BNDES precisa ser estatal?
Um banco de fomento pra chamar de meu
Este é Luiz Marinho, candidato a governador de São Paulo pelo PT.
Como todo bom petista, quer criar um banco público pra chamar de seu. Crédito subsidiado pelos impostos dos desdentados. Talvez a política mais regressiva que se possa pensar.
Não custa lembrar o tamanho dos esqueletos fiscais escondidos nesses bancos estaduais, e que ainda assombram, por exemplo, o Rio Grande do Sul. Aqui, nos livramos do Banespa e da Nossa Caixa, bancos bons para os seus funcionários e para eleger políticos populistas.
Mas acho que estou sendo injusto com os petistas. Não são somente estes que gostam de crédito subsidiado. Há muitas viúvas das políticas cepalinas também no PSDB, que não conseguem conceber uma economia onde o crédito seja uma mercadoria a ser fornecida pelo mercado de capitais. O Estado (sempre ele!) sabe melhor onde investir.
Se a maior recessão da história, mesmo com 10% do PIB comprometido em créditos subsidiados pelo BNDES, não foi suficiente para convencer da ineficácia dessas políticas, então acho que o caso está perdido mesmo.
Políticas regressivas
Traduzindo para quem não está acostumado com o economês: “políticas regressivas” significa tirar dos pobres e dar para os ricos (texto extraído da página de Sergio Almeida).
Ciro tem se notabilizado por 4 ideias:
1. Tirar pessoas do SPC (usando bancos públicos);
2. Oferecer crédito subsidiado via BNDES;
3. Política industrial (incentivos p\ setores selecionados);
4. Regular UBER.
Difícil imaginar um conjunto mais distributivamente regressivo de políticas.
Externalidades positivas
Um doce pra quem adivinhar se tem dinheiro do BNDES nessa estrovenga. Dica: são muitas as externalidades positivas desse projeto.
A verdadeira carga tributária
Existem gênios. E existe o Gustavo Franco.
O preço de um calote
Levaremos ao menos uma geração para pagar a conta deixada pelos governos do PT.
Por Felippe Hermes
Sobre o calote da Venezuela anunciado hoje.
Entre 2009 e 2014 o governo brasileiro emprestou R$ 55 bilhões de recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador para que empresas brasileiras pudessem fazer obras no exterior. Cerca de R$ 72 em cada R$ 100 deste valor foi destinado a uma empresa: Odebrecht.
Em maio de 2014, o presidente do banco foi ao congresso explicar que o Brasil não estava ‘emprestando dinheiro para outros países’, mas sim para empresas.
Em outubro do mesmo ano, já nas eleições, um documento vazado do próprio BNDES (vazado pois todos os contratos e dados do banco sobre estas obras eram sigilosos) afirmava o seguinte sobre a obra do Porto de Mariel em Cuba:
O banco brasileiro emprestaria o dinheiro em um prazo de 25 anos, contra os 10 anos usuais em contratos do tipo.
O empréstimo seria feito em pesos cubanos
A garantia do empréstimo seria a receita do governo local com exportação de tabaco.
O governo negou irregularidades e o próprio relatório.
Hoje, já no segundo calote em poucos meses (além do de Moçambique no valor de R$ 700 milhões), soubemos que quem pagará a conta será o Fundo Garantidor de Exportações.
Em outras palavras: o governo tirou dinheiro do trabalhador, emprestou a taxas 3 vezes menor do que a inflação média (o que por si só causou R$ 11 bilhões em prejuízo), emprestou para os países, a Odebrecht lucrou com as obras e agora os trabalhadores pagarão o calote.
Ao final, o BNDES reportará em seu balanço a operação com lucro, afinal, recebeu o valor, e pagará aos seus empregados um bônus por “participação em resultados”.
No meio deste caminho, 3 ex-presidentes latino americanos e nada menos do que 15 ministros já foram presos ou indiciados por ligações com estas obras.
Enquanto isso, Dilma decide por qual estado disputará uma vaga no senado.
Você tem duas vacas
Empresa brasileira
Você tem duas vacas.
Você reclama da concorrência chinesa.
O governo impõe tarifas de importação.
O BNDES empresta dinheiro a juros subsidiados para você tirar o leite.
Você vende o leite pelo dobro do preço que teria o leite chinês.
Você reclama do custo Brasil.
Trocando as bolas
“Se meu filho me pedisse para eu cobrir o estouro do orçamento dele […] diria que era melhor ele fazer uma reavaliação de suas contas.”
Paulo Rabello de Castro, presidente do BNDES, pra não variar trocando as bolas no Valor de hoje. O BNDES é o filho, o pai é o governo. Já passou da hora do pai enquadrar o filho.
Ajuste no olho do outro é refresco
Hoje, o Valor traz algumas declarações de um diretor do BNDES em evento na Abimaq (sim, segurem suas carteiras!). Entre outras pérolas, consta que o diretor soltou essa: “Se o valor (da devolução dos recursos do BNDES para o Tesouro) de R$180 bilhões colocar em risco a missão do BNDES, não será R$180 bilhões”. Aplausos da Abimaq.
Em dezembro de 2007, o Tesouro tinha o equivalente a 0,2% do PIB no BNDES. Veio a crise (a “marolinha”) e, em dezembro de 2009, o Tesouro havia aumentado seus aportes no BNDES para 4,0% do PIB. Isso, para enfrentar a “maior crise do capitalismo desde a depressão de 29”. O investimento saiu de 18,1% para 19,8% do PIB nesse período, atingindo o pico de 21,5% do PIB em meados de 2010.
Pois bem. Hoje, o Tesouro tem aportado no BNDES a bagatela de 6,9% do PIB, isso depois de ter devolvido R$ 100 bi no final do ano passado, quando a dívida do BNDES para com o Tesouro estava em 8,5% do PIB. O investimento representava, no final de 2016, 15,6% do PIB. É isso mesmo que você leu: os aportes no BNDES do seu, do meu, do nosso, aumentaram de 4% para 8,5% do PIB, e os investimentos recuaram de mais de 20% para pouco mais de 15% do PIB!
Agora, o Tesouro quer mais R$180 bilhões de volta, o que deve reduzir a dívida do BNDES, no final de 2018, para cerca de… 4% do PIB!, o mesmo montante do final de 2009, naquele hiperesforço para combater os efeitos da crise do subprime. Ou seja, estamos apenas enxugando os excessos da política mal sucedida dos anos Dilma.
O barulho do corpo técnico do BNDES, a começar de seu presidente, e do “empresariado nacional”, só pode ser entendido como espírito de corpo (mais um!) diante das necessidades do país de resolver a sua grave crise fiscal. Todas as corporações têm “motivos nobres” para não pagar a sua parte na conta.
Como diz o velho ditado, ajuste no olho do outro é refresco.
Receita para sair da crise
Luciano Coutinho, hoje, em artigo no Valor, dá a sua receita acaciana para a retomada do crescimento: aumentar a taxa de investimento de 15% para 21% do PIB. Como? Fazendo a reforma da previdência, diminuindo a taxa de juros e usando o BNDES para “coordenar” os projetos.
Bem, quando esse senhor assumiu a presidência do BNDES, em 2007, a taxa de investimento era de 17,6% do PIB. Ao sair, em 2016, era de… 15,4%! É chocante como essas pessoas, responsáveis pelo buraco em que nos encontramos, ainda têm a cara de pau de sair por aí dando “receitas para sair da crise”.